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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A história da educação guardada no mosteiro

Documentos preciosos, que ajudam a contar a história da educação em São Paulo, permaneciam guardados no Mosteiro de São Bento, oásis de oração e silêncio na caótica região central da cidade, e agora vêm à tona com a publicação do livro Antonio Firmino de Proença: Professor, Formador, Autor (Editora Porto de Ideias). "Quando saiu o livro, foi um alívio", admite o monge Luiz Cesar de Proença, abade emérito da instituição, guardião dos documentos que deram origem à obra e neto de Antonio Firmino de Proença.

Mas quem é esse ilustre biografado? Antonio Firmino de Proença nasceu em 26 de junho de 1880, em Sorocaba, interior paulista. Diplomado em 1904 pela Escola Normal da Praça, dedicou-se, desde jovem, ao magistério público. Atuou como professor na Escola Normal de Piracicaba, de onde foi transferido para São Carlos. Em 1928, mudou-se para São Paulo, onde atuou como inspetor geral de ensino.

Foi diretor do Instituto Pedagógico e da Escola Normal Modelo. Também atuou no Centro Sorocabano de Letras. Aposentado, fundou o ginásio Caetano de Campos e dirigiu a Escola Normal de Pirassununga e o Ginásio de Campinas.

Proença publicou dezenas de artigos e dois livros sobre educação, 17 edições de cartilha de alfabetização - a Cartilha Proença -, 53 edições de livros de leitura e três de Geografia. É autor de Escreva Certo!: Método Prático para Escrever Corretamente e Sem Necessidade de Consultar o Dicionário. Morreu em 4 de abril de 1946, mas seu legado continuou sendo utilizado, por muitos anos, pelas escolas brasileiras.

Descoberta. Na memória do monge - que, nascido em 1952, não chegou a conviver com o avô ilustre -, o nome do professor estava ligado a uma proibição: não mexer nos "papéis importantes". "Eram documentos de meu avô que meu pai guardava com carinho. Um dia, com uns 9 anos, criança que mexe em tudo, peguei aqueles papéis e meu pai apareceu, gritando que era para tirar a mão", lembra. "Não fazia ideia do que era aquilo. Só sabia que eram documentos importantes e aquilo jamais saiu de minha cabeça."

Em 1976, Luiz Cesar saiu da casa dos pais, na Vila Romana, para abraçar a vida religiosa junto aos monges beneditinos. "Em 1980, pouco tempo depois de meu pai morrer, pedi permissão ao Mosteiro para sair da clausura a fim de participar das solenidades em comemoração aos 100 anos do nascimento de meu avô", conta. "Na ocasião, lembrei minha mãe dos tais "documentos importantes". Disse a ela que deveria encaminhar a alguma escola, que se fizesse um memorial em referência ao avô."

De volta ao Mosteiro, os documentos não saíam de sua cabeça. "Acho que tem um sopro divino nessa história", conta. A partir de 2004, vítima de um AVC e com a mãe em idade avançada, começou a frequentar a casa da família três vezes por semana. "Dedicava duas horas por dia a limpar a bagunça, os papéis velhos", narra. "De repente, encontrei os "documentos importantes". Era como se toda a minha vida estivesse acontecendo no presente. Fiquei com medo de rasgar e trouxe para o Mosteiro." Isso foi em 2006.

Ameaça. Um dia, com a prima de segundo grau Inaiá Nogueira da Silva Diniz - bisneta de Proença e idealizadora do livro - tomou coragem para abrir aquilo tudo. Para a surpresa de ambos, o material estava em bom estado de conservação e guardava documentos interessantes sobre o antepassado ilustre, como uma carta de professores de Piracicaba em solidariedade a um atentado que Proença sofrera em 1909. "Ele havia surpreendido um aluno colando e, no dia seguinte, foi ameaçado, na escola, com arma de fogo", conta a bisneta. "Outro documento interessante conta que ele teve um ano adiantado de sua aposentadoria por ter sido voluntário na epidemia da gripe espanhola, em 1918."

A família pretende continuar dando visibilidade ao legado de Proença. "Queremos reeditar algumas obras dele", diz o monge Luiz Cesar. "Valorizar o pensamento dele é uma forma de melhorar a educação do País."

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